14 de agosto de 2008

A justiça no banco dos reus ?

Gosto de ler livros policiais. Leio muitos livros policiais. Tenho um rol de autores preferidos.

Como todos os dias, passo pelo café e, depois de 'o' pedir, pego no jornal e leio acerca dos assuntos que me interessam, comecei em Maio do ano passado a seguir o caso Maddie. Como o caso se manteve alguns meses em grande plano, conforme sabemos, encarei-o como 'o meu romance policial da vida real'. Como o comum dos mortais, apenas tive acesso aquilo que nos quiseram informar. E o segredo de justiça, impedia a divulgação de dados importantes.

Como a maioria senão mesmo a totalidade das pessoas que se interessaram pelo assunto (e estamos a falar dum 'best-seller' !) a partir de determinada altura, não me restava a minima dúvida de que :

1 - a menina tinha morrido

2 - os pais tinham feito desaparecer o corpo.

(ainda sou processado por isto, afim de ganharem mais uns tostões, a acrescentar à já choruda quantia que amealharam à custa do assunto)

A partir dos dados que a Comunicação Social nos forneceu, sabemos que :

1 - Foram encontrados vestigios de sangue que os ingleses fizeram o favor de concordar que seria da menina. Para não referir que, na maior campanha mediática de sempre sobre um assunto desta natureza e mesmo da maioria de outros assuntos e que atingiu nivel mundial, a menina não foi encontrada.

2 - Tambem se sabe que os pais são pessoas de nivel sociado elevado, médicos e até que o pai estava em vias de se candidatar a um alto lugar no Governo. A morte acidental da menina seria um desastre para os seus intentos e para a sua aceitaçao no meio social onde estão inseridos.

Após uns tempos de acalmia mediática, o assunto voltou em força para alguns, como eu, aquando da publicação do livro 'Maddie A verdade da mentira', escrito pelo coordenador da investigação, Gonçalo Amaral.

Um livro muito bem escrito, que não se limita a uma descrição de factos mas insere aqui e ali alguns apontamentos e até por vezes com sentido de humor. Bem estruturado, facil de ler, preciso nos detalhes e não quero deixar de mencionar, escrito em bom português.

Com a devida vénia, transcrevo a primeira frase do livro que, enfim... leiam :

"O Domingo de Carnaval tinha começado ao som de tiros dos caçadores, os quais, por entre o mato rasteiro do barrocal algarvio, perseguiam, deslealmente, indefesos coelhos."

Depois vem o relato das diligências feitas, a 'sala de crise' e alguns diálogos do autor com colegas.

Como ele sabe o terreno que pisa, nunca põe o pé em ramo verde pois não se quer sujeitar a um procedimento visando o aumento do património da familia Mccan.

Cheguei ao fim, talvez um pouco decepcionado duma certa maneira pois pensava que ia encontrar provas mais evidentes da culpabilidade dos pais.

Mas...

Mais vale salientar um facto que se passou, em que um pormenor não foi suficiente e completamente esclarecido, pela Comunicação, já que alguns elementos não foram tornados públicos.

Segundo uma das amigas do casal, a Tanner, conta que nessa noite viu um homem com uma menina ao colo, dirigindo-se digamos que para baixo, para uma zona iluminada e com possibilidades de estar gente.

Por outro lado, a famila Smith, afirma que viu um homem com uma criança ao colo, dirigindo-se em sentido contrário, digamos para cima, em direcção a um local mais deserto e bastante escuro, mas não conseguiu descrever a pessoa nem a criança.

Até aqui... duas pistas, dois avistamentos... as pontas ficaram soltas.

Mas...

A Mrs. Tanner, acaba por descrever o indivíduo, de tal maneira que, acaba por identificá-lo como o tal de Murat, que por essa ocasião é constituido arguido

A familia Smith é ouvida mas não consegue pormenorizar e então a versão Tanner, muito concisa e peremptória, é considerada válida.

No dia em que os Mccan regressaram a Inglaterra, estava a familia Smith a ver na televisão o directo da chegada, em que o pai desembarca do avião com um dos gémeos ao colo e diz a Sra. Smith para o Sr. Smith :
-Olha ! Este é o homem por quem passámos quando desapareceu aquela menina em Portugal !!!
E diz o Sr. Smith :
-Pois é !!! Vê-se pela maneira de andar e pela maneira de pegar na criança, com o braço pendurado ao longo do corpo do homem!!! É ele mesmo !!!
(não foi copiado, foi descrito :))

O que é verdade é que o Sr. Smith, ficou muito perturbado e inquieto e só descansou quando participou aquilo que tinha descoberto.
A PJ teve conhecimento deste pormenor do avistamento e imediatamente pediu que o casal Smith se deslocasse a Portugal, com todas as despesas pagas, afim de ser novamente ouvido afim de esclarecer o assunto.
No entanto isso não foi conseguido e apenas concedida uma audição em Inglaterra que de nada serviu, até porque chegou apenas após alguns meses.
Tambem é mencionado que o casal Smith foi abordado por alguém que lhes aconselhou a não falar sobre o assunto.
Alguns destes factos, diz o autor, não tinham sido dados a conhecer ao público.

Comentários para quê ?
Graças a todo o trabalho da PJ, os factos tornaram-se evidentes.

Resta acrescentar que o Sr. Gonçalo Amaral, desenvolveu uma pesquisa com grande profissionalismo e descobriu de facto os culpados, tendo conseguido desmontar a falsa pista lançada desde o princípio.

Só é lamentável que o seu nome esteja associado ao caso da pequena Joana, em que a mãe, Leonor Cipriano, terá alegadamente sido espancada e torturada afim de confessar.

http://dn.sapo.pt/2008/04/14/sociedade/duas_versoes_sobre_atitude_goncalo_a.html

http://www.barlavento.online.pt/index.php/noticia?id=19043

http://www.dailymail.co.uk/news/article-461111/Chief-Madeleine-detective-charged-beating-suspect-missing-girl-case.html (foto de como ficou a Leonor depois de 'se ter atirado pela escada abaixo afim de se suicidar')

G.A. e a sua equipa, são arguidos respectivamente de omissão de provas, falsificação de documentos e tortura.

Mas que contraste...

4 comentários:

Anónimo disse...

Como podes tu falar de JUSTIÇA???

Augusto disse...

E porque não ?
Enquanto não me esconder por traz de um cobarde anonimato, sinto-me à vontade nesse assunto...
Augusto

Anónimo disse...

Os anonimatos por vezes surgem devido a certas restrições, topas....

Neste caso específico, ela advém de [...] para tal não acontecer, termos de nos registar [...] o que muita gente não quer [...] daí ......

Augusto disse...

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